segunda-feira, 25 de junho de 2012

Webséries brasileiras fazem sucesso no YouTube

Mais de quatro bilhões de vídeos assistidos por dia e 60 horas de filmagens postadas por minuto. Em meio aos grandes números relacionados ao YouTube, um formato vem se destacando cada vez mais: as webséries. Com espectadores interativos e fiéis, as produções brasileiras começaram a ir ao ar em 2009 e vêm se tornando cada vez mais populares entre os internautas.

A web série Lado Nix foi uma dos primeiros sucessos brasileiros do gênero no YouTube (Foto: Reprodução)
Lado Nix foi uma dos primeiros sucessos brasileiros do gênero no YouTube (Foto: Divulgação)
 
Uma das primeiras séries para Internet no Brasil foi "2012 – Onda Zero", criada pelo carioca Flávio Langoni, da produtora Kilmerson. Com quatro episódios, o seriado custou cerca de R$ 90 mil, mas a produção foi suspensa por escassez de recursos. No entanto, Langoni não descarta uma possível refilmagem. “Não tivemos outra alternativa a não ser engavetar a série, para, quem sabe, fazer um remake no futuro."
Depois do Onda Zero, a série "Lado Nix" se consagrou como o primeiro sucesso brasileiro no gênero. A trama conta a história de uma balconista de comic shop apaixonada por games e quadrinhos da década de 80. Produzida pela Mambo Jack Filmes, a série foi ao ar entre outubro e dezembro de 2011. Para a produção dos primeiros cinco episódios do seriado, foram gastos cerca de R$ 85 mil. A equipe contava com 20 profissionais, que trabalharam durante quatro meses para que a série pudesse ser finalizada.
Além do grande sucesso de Lado Nix, também se destacam no YouTube as webséries da 8KA Produções, que conta com quatro títulos na página. Com mais de nove mil inscritos em seu canal, a produtora teve como primeiro lançamento a "Astrolokos" que, em cada episódio, fala de maneira bem-humorada sobre um dos signos do zodíaco.
Com o intuito de atingir o público mais jovem, a 8KA lançou a comédia "Armadilha" e o reflexivo "#E_VC?", que abordam questões do mundo adolescente. Com mais de 1,4 milhão de acessos em seu canal, a produtora gasta cerca de dois dias para filmar um episódio de cada série, totalizando aproximadamente duas semanas para cada temporada.
A comédia adolescente "Armadilha" é uma das apostas da 8KA (Foto: Divulgação)
A comédia adolescente "Armadilha" é uma das
apostas da 8KA (Foto: Divulgação)
De acordo com Fernanda Ceretta, da 8KA, a produção de webséries para o YouTube tende a aumentar, já que o público tem se tornado cada vez mais fiel. "Ainda existe uma cultura de vídeos singulares, sem continuidade, do fenômeno isolado. Mas a gente acredita que aos poucos o tipo de consumo de vídeo na Internet vai mudar e as pessoas vão ter hábitos mais consolidados, se identificando com os produtores e atores, e retornando mais, tal como na TV, o que deve dar uma forcinha pra quem produz conteúdos seriados”, diz.

É no apoio do público que a Maria Bonita Filmes também aposta. Responsável pela realização da web série “3%”, a produtora disponibilizou o piloto do seriado no YouTube, em busca do apoio dos internautas para fechar acordos para a produção de toda a temporada. “O YouTube apresenta um potencial de enorme de exposição e de feedback dos espectadores. Se algo é forte e interessante o suficiente, pode ser rapidamente difundido pelas redes sociais e atingir grande visibilidade, viabilizando desdobramentos ou novos trabalhos para realizadores. É um ótimo meio para distribuir obras de ficção”, afirma o diretor da websérie, Jotagá Crema.
A web série 3% teve apenas o piloto divulgado no YouTube, mas conquistou inúmeros fãs (Foto: Reprodução)
A websérie 3% teve apenas o piloto divulgado no YouTube, mas conquistou inúmeros fãs (Foto: Divulgação)
Lançada em 2010 e com inspiração nas produções americanas, a série criada por Pedro Aguilera foi vencedora da Mostra Competitiva de Pilotos Brasileiros do Festival Internacional de Televisão, o FITV. Sucesso absoluto apenas com o primeiro episódio – mais de 6.800 inscritos no canal - “3%” tem o roteiro baseado em distopias como “1984” e “Admirável Mundo Novo”, além de uma pesquisa que apontava o trabalho como um dos maiores medos dos jovens das classes C, D e E. “A história é original, baseada nos ritos de passagem dos jovens para se chegar à vida adulta, tais como vestibular e a entrada no mercado de trabalho”, explica Crema.
Com temática amorosa, a websérie "Botolovers", de Caroline Fioratti, faz uma paródia aos estereótipos dos relacionamentos atuais. A produção teve início após a equipe receber os recursos do edital do Programa Municipal de Fomento ao Cinema da Prefeitura de São Paulo. "Depois que fomos contemplados com o edital, reunimos uma equipe jovem e talentosa que começou a trabalhar na produção. Filmamos durante três dias intensos. Levamos alguns meses para finalizar os websódios.Tudo se encaixou perfeitamente, pois trabalhamos com a equipe certa, que acreditava no projeto e entendia o espírito da websérie", afirma Caroline.
Botolovers conta a história de um casal de três (Foto: Divulgação)
Botolovers conta a história de um casal de três
(Foto: Divulgação)
A websérie conta o cotidiano de um "casal" de três personagens, interpretados por Bárbara Bonnie, Thiago Carreira e Fábio Redkowicz. Por falta de recursos, ela teve de ser interrompida. No entanto, Caroline Fioratti já está em busca de incentivos para dar continuidade ao seriado, que já conquistou mais de 32 mil visualizações no YouTube. "Já temos roteiros prontos e o público que constantemente pede por mais. Estamos procurando patrocínio", conclui.

Narrativa Transmídia


Diante do universo interativo que a Internet propõe, o roteirista e diretor Guto Aeraphe, da Guerrilha Filmes lançou um projeto baseado no conceito transmídia: "ApocalipZe". O cenário da série é o Brasil em 2015, logo após a vitória do hexacampeonato da Seleção – em território nacional. O país se torna potência econômica devido ao petróleo e ao pré-sal, mas acaba atraindo a atenção de grupos terroristas. Após um ataque bioterrorista, milhões de pessoas morrem. A série conta a história de um grupo de sobreviventes, que tenta entender o que aconteceu e escapar dos perseguidores.
A web série ApocalipZe faz uso de material transmídia com história em quadrinhos e game (Foto: Divulgação)
ApocalipZe faz uso de material transmídia com história em quadrinhos e game (Foto: Divulgação)
Disponível desde abril do ano passado, a produção conta com uma história em quadrinhos para download, que adianta o ataque do próximo episódio da série. Além disso, já está em fase de desenvolvimento um game que começa exatamente do ponto em que termina o seriado, além de fazer ponte para a segunda temporada. “Dessa forma, levamos o espectador para o controle da história, e ele passa a tomar as decisões sobre o que acontece depois do ataque”, afirmou Aeraphe.
Do anonimato para o sucesso na Internet

Se você tem um roteiro em mãos ou uma baita ideia na cabeça, mas não sabe nem por onde começar, o TechTudo traz as dicas de quem fez e faz sucesso na rede, para que você também se destaque em meio aos conteúdos disponíveis na Internet.
1. Pense no lançamento e na distribuição da websérie. “Deve-se criar páginas nas redes sociais mais populares e manter contato com o público”, indica Jotagá Crema, do "3%".

2.
Faça algo que realmente goste e não apenas para ganhar dinheiro. “Se seu primeiro pensamento é ganhar dinheiro, muito provavelmente seu projeto não dará certo”, afirma Felipe Neto, dos famosos "Não Faz Sentido" e "Parafernalha".

3. O roteiro deve prender a atenção do espectador nos primeiros 20 segundos.
“Se você o perder antes disso, dificilmente conseguirá aquele internauta de volta”, explica Flávio Langoni, do "2012 - Onda Zero".

4. Pense em um conteúdo transmídia.
“O vídeo principal não é tudo. O espectador é ávido por interagir”, afirma Guto Aeraphe, da série "ApocaliZe".

5. Planeje.
“Pense no tamanho do seu projeto, o público que quer alcançar e em como você irá colocar tudo em prática”, aconselha Claudia Sardinha, do sucesso "Quero ser Solteira".

6. Aproveite as formas de divulgação gratuita da web.
“A Internet é um ótimo lugar para se expressar e expor seu trabalho. Não espere por dinheiro ou oportunidades. Corra atrás de produtoras e editais”, motiva Caroline Fioratti, do "Botolovers".

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