sexta-feira, 8 de junho de 2012

Juventude sem fronteiras, sem bandeiras pra defender...

Vocação política

Se você achou o título deste artigo ruim só pela palavra "política", parabéns por sua mente envenenada. Desde que nascemos somos ensinados pelo Senso-comum a crer que o Sistema é imutável, que não precisamos lutar para concertar o que achamos injusto nem tentar corrigir o que há de errado, pois nada será mudado nem melhorado. Assim aprendemos a ser medíocres e conformistas a ponto de não querer discutir sobre coisas importantes como Política. E ter essa mentalidade e gostar de Rock simultaneamente, que é um estilo idealizador, libertário e revolucionário, é obviamente uma contradição.

Nossas bandas adoradas sempre estiveram à margem do Sistema, desprezadas pela Sociedade e mal-vistas pela Mídia. Desde que o Rock não era Rock, O Blues era discriminado por ser um estilo tocado essencialmente por negros, e antes disso a Música Gospel americana era cantada por escravos que aspiravam por liberdade. Muito tempo depois o Rock and Roll foi um soco no estômago dos conservadores; o Rock Psicodélico que foi trilha-sonora do Movimento Hippie deu voz a um movimento contra-cultural inigualável, como o Movimento Punk tempos depois que lutava contra o Sistema. Depois tivemos bandas de Rock e Metal que sobreviviam sem ajuda da Mídia, bandas de protesto cantando ideais de liberdade de expressão, perda de valores tradicionais, direitos iguais, etc. Vários estilos surgiram no decorrer do tempo, cada um com sua forma de pensar, mas a maioria sempre teve uma voz que ficava do lado das pessoas, ao invés do poder maior, o Sistema. Em termos políticos, o Rock sempre foi essencialmente de esquerda.

Uma coisa importante para entender é o que é Esquerda e Direita na Política. Esquerda é estar do lado do povo, e Direita é estar do lado do poder, do governo. O gráfico abaixo explica melhor essa relação.

A imagem está pequena pra te forçar a ampliar e ler! (troll face)

Agora que você já deve ter lido o gráfico (é bom que tenha lido!), você pode até fazer um teste consigo mesmo para ver de que lado está, porque você está em um lado. Todas as pessoas tem suas próprias ideias e vontades, portanto, uma visão de como desejam o mundo e a sociedade que vivem. Em suma, uma visão política.

Essa visão política que temos (mesmo que imperceptível) se reflete nas nossas escolhas e atos, já que nossas ações são movidas pelas ideias e pelas coisas que acreditamos. Isso quer dizer que se uma pessoa gosta de Rock, ela tem certas visões sobre o estilo e sobre as pessoas que o ouvem...

Vamos tomar como exemplo este autor que vos fala, que tem a mente esquerdista. Ele não é conservador, por isso não tem preconceitos, não faz discriminações, gostaria que todos tivessem os mesmos privilégios e condições de vida, entre outras coisinhas. Já em relação ao Rock ele:
  • Quer que todos possam conhecer e ter acesso a esse estilo,
  • Não acha que precisa ter uma idade ou nível de maturidade pra conhecê-lo,
  • Acredita que todos podem aceitá-lo independente de nacionalidade, raça, sexo, ou qualquer outra particularidade ou ideologia,
  • Não se importa de novas pessoas quererem conhecê-lo - e até dá mais atenção aos novatos,
  • Aceita que uma pessoa goste de Rock e outros estilos musicais,
  • Não se prende a ideias de como uma pessoa deve ser para combinar com seu estilo musical,
  • Prefere compartilhar conhecimentos do que guardar para si,
  • E gosta que as pessoas tenham o acesso mais facilitado a esse estilo, e por isso não gosta que ele seja escondido pelo Sistema.
A Bíblia do Rock é esquerdista porque seu autor é assim, e seu objetivo é levar a mensagem do Rock a todos segundo suas ideias. Talvez isso seja difícil pra alguns rockers e headbangers mais experientes do meio, que depois de tantos anos no meio vê o seu estilo querido ser acobertado cada vez mais pelo mundo e estar vivendo entre tantas pessoas que só ouvem coisa ruim. Essa é a típica mente de um extremista, tr00, mente-fechada, ou um direitista do Rock. Suas ideias são que:
  • Apesar de ser um bom estilo, as pessoas não precisam ter acesso a ele,
  • A pessoa precisa de uma certa maturidade e mentalidade para entendê-lo e gostar dele,
  • Acredita que o Rock é um estilo essencialmente masculino, bem feito por estrangeiros e direcionado para brancos (já que os negros podem ficar com seus Raps, Funks, Pagodes, e as mulheres podem continuar ouvindo Pop e Dance),
  • Não aceita que novas pessoas tentem ouvir Rock, já que estas não entenderiam sua mensagem verdadeira e acabaria por distorcê-la,
  • Acha improvável que uma pessoa que goste de Rock goste de outros estilos, e se gosta, não gosta de Rock de verdade,
  • Acredita que a pessoa deva respeitar certas tradições e fazer algumas coisas pra continuar ouvindo-o,
  • Gosta de se sentir privilegiado por ouvir o estilo, eu por isso não costuma dividi-lo com os outros,
  • E gosta que o Rock seja underground, pois se não várias pessoas que não merecem ouvi-lo tem acesso a ele.
Este autor sabe que ultimamente o que mais existe são rockers com essa mentalidade (este autor também já a teve), e como bom esquerdista, ele condena esta atitude de superestimar o Rock a ponto de colocá-lo acima de tudo. Sua mentalidade o faz interpretar as coisas desse modo, e suas ações são reflexo disso. Por exemplo a Bíblia do Rock, que serve para espalhar a palavra dele.

A questão que esse artigo levanta é que nós gostamos de um estilo - como dito antes, idealizador, libertário e revolucionário que luta por ideais firmes e tudo mais... mas seus adoradores são muito desleixados!

Qual foi o último grande movimento que os rockers fizeram ou organizaram? Qual foi o última grande luta que estiveram ou o protesto que incomodou os ouvidos do senhores da terra? Dizem que o Espírito do Rock não morreu, mas ele não vem se manifestando nesses últimos tempos. É muita ingratidão gostar de um estilo e não fazer justiça ao seu legado e à sua história, pois diferente dos outros estilos musicais, este literalmente fez barulho, influenciou gerações e mudou a história humana. Atualmente ele está tão apagado para o mundo quanto o interesse das pessoas em fazer algo para mudá-lo. Será que é justo? É tão injusto e contraditório quanto comprar uma camisa com a estampa de Che Guevara!

Ideologia vendida não funciona.

Este autor agora está condenando a todos que estão lendo este texto por não estarem por uma guerra contra tudo? Sim, está, mas não está dizendo para fazerem isso mesmo. Se este autor tivesse o poder influenciar todos a fazerem algo ele seria a Mídia, e ninguém que lê este site é influenciável (pelo menos na teoria). O caso é que no final, cada pessoa vai fazer o que acha melhor pra si mesma e com sorte, melhor para as pessoas a sua volta, e as unidades não formarão um todo. Alguns vão querer mudar algo, outros vão ser conformados e não lutar, outros esperarão que outros façam seu trabalho, outros não darão a mínima, enfim.



"Não importa o que façamos, cada um terá uma visão diferente. É fantástico como as pessoas sempre têm idéias melhores... para elas. Só que elas precisam saber se suas idéias são melhores para todo mundo."
Paul Stanley


Se você quer reclamar de algo que você mesmo poderia tornar melhor, mas não faz nada para tal, reconheça-se como um hipócrita e viva feliz. Este autor que vos fala também poderá se assumir um hipócrita ou um simples desleixado eventualmente, mas tenta fazer o que acha melhor para si e para os outros. No momento sua luta é espalhar a palavra do Rock, e através dele, mudar a cabeça das pessoas. E como dizem que para salvar o mundo deve-se salvar as pessoas primeiro...

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