sexta-feira, 27 de abril de 2012

Reunião de família

"Os Vingadores", da Marvel, juntam o maior time de heróis que já chegou às telas

DANILO VENTICINQUE. COM ANDRÉ SOLLITTO

FORÇA TOTAL Os personagens de Os Vingadores, a maior aposta da Marvel no ano. O filme reúne Hulk, Thor, Homem de Ferro e Capitão América numa só aventura (Foto: divulgação)

Super-heróis, por definição, não são seres que precisam de ajuda. Salvo em ocasiões dramáticas, costumam se virar muito bem sozinhos. Nas telas dos cinemas, Thor, Capitão América, Hulk e o Homem de Ferro fizeram sucesso solitariamente e ajudaram a levantar as bilheterias dos filmes de ação americanos. Cada um deles tinha fãs e histórias suficientes para uma carreira de sucesso. Mas a Marvel, que detém os direitos dos heróis dos quadrinhos, tinha outros planos. Os Vingadores, que estreiam no Brasil nesta semana, juntam os quatro personagens numa equipe jamais vista nas telas. Pergunta inevitável: a reunião resulta num filme à altura dos heróis (e da expectativa dos fãs) ou é apenas um pot-pourri comercial de cenas desconjuntadas?
Inéditas no cinema, as reuniões de heróis solitários são comuns nas histórias em quadrinhos. A primeira equipe a fazer sucesso foi a Liga da Justiça. Criado em 1960 pela DC Comics, rival da Marvel, o time contava com integrantes ilustres como Super-Homem, Batman e Lanterna Verde. Três anos depois, a Marvel criaria os Vingadores para concorrer com o grupo da DC.
Por trás desses encontros de poderosos nos quadrinhos há um irresistível apelo adolescente. O leitor quer ver seu herói acolhido num bando, entre amigos. Gosta de vê-lo testar suas habilidades contra outros superdotados. Pode, se a trama for bem feita, satisfazer sua curiosidade sobre o convívio de gente tão especial. Fãs do Capitão América talvez nem se interessem pelas histórias de Thor, mas compram os gibis dos Vingadores para não perder uma aventura de seu personagem favorito. Por isso tudo, as tiragens das revistas com encontros de heróis são enormes.
No cinema, a lógica é a mesma, mas há riscos. Por um lado, o custo é maior. Para uma história em quadrinhos com diversos heróis, basta contratar um bom desenhista e um bom roteirista. No cinema, é necessário pagar vários atores de primeira linha, o que encarece a produção. O orçamento estimado de Os Vingadores (US$ 220 milhões) é maior que o de filmes de cada um dos personagens. Há, porém, uma vantagem para os estúdios. Ao contrário dos longas-metragens comuns do gênero, em que os produtores ficam reféns de apenas uma estrela, filmes com uma equipe de heróis são menos vulneráveis a ataques de estrelismo – algo crucial na Hollywood pós-Charlie Sheen. Edward Norton, intérprete do Hulk no filme de 2008, acabou servindo como exemplo. Acusado de “falta de espírito de colaboração” pelos diretores da Marvel, foi descartado de Os Vingadores. Em seu lugar, Mark Ruffalo foi escalado para interpretar um novo Hulk, cuja origem é explicada de forma passageira no filme. Funcionou: não dá para sentir falta de Norton em nenhum momento do filme. Chris Evans, que interpreta o Capitão América, parece ter aprendido a lição. “É muito mais divertido trabalhar em equipe do que ser a única estrela”, disse Evans a ÉPOCA. “A maioria dos atores já se conhecia de outros filmes e foi muito bom dividir as responsabilidades, em vez de carregar todo o peso.” Os personagens humanos ajudam a reforçar o time de heróis. Samuel L. Jackson convence como Nick Fury, líder de um projeto secreto do governo americano para unir os heróis. Scarlett Johansson, que interpreta a agente Viúva Negra, tem um papel central na trama e mostra que é capaz de enfrentar qualquer marmanjo (ou criatura alienígena) em cenas de briga.
COOPERAÇÃO Thor (Chris Hemsworth) e Capitão América (Chris Evans) protegem a Terra da destruição.  Um ataque extraterrestre força os heróis a se unir  (Foto: divulgação)

Com a equipe de bons moços devidamente treinada, restava criar uma aventura à altura dos personagens. Nem sempre é fácil. O excesso de personagens pode resultar em algo como aqueles encontros de músicos famosos em que cada um canta uma estrofe e todos os ouvintes ficam insatisfeitos. A tarefa de criar uma história em que coubessem tantos superegos fictícios coube ao diretor e roteirista Joss Whedon. Um vilão poderoso (semideus Loki, de Thor) conquista uma enorme fonte de poder (o artefato Tesseract ou Cubo Cósmico) e ameaça destruir a Terra. Cabe aos heróis superar sua tendência individualista e atuar como time para vencer os oponentes. No meio do caminho, há conflitos que permitem aos fãs satisfazer curiosidades palpitantes: a força bruta de Hulk consegue triunfar sobre a tecnologia do Homem de Ferro? O martelo de Thor é poderoso o bastante para quebrar o escudo do Capitão América? Sem Os Vingadores, jamais saberíamos a resposta. Quando os heróis superam as diferenças e se unem, o combate é mais movimentado e divertido de ver do que qualquer cena nos filmes anteriores da Marvel. As duas horas e 15 minutos de filme não cansam o espectador em momento algum. A expectativa nas bilheterias é grande: especula-se que o filme vai superar O Cavaleiro das Trevas (2008), de Batman, até então o mais bem-sucedido de super-heróis. Confiante no sucesso, a Marvel prepara seus próximos passos. Até 2014, cada um dos heróis Os Vingadores deverá ganhar continuações de seus filmes. O Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha, da Marvel, devem chegar às telas com novos atores – e são candidatos a aparecer em futuros encontros de heróis. A julgar pela última cena de Os Vingadores, após os créditos finais, a reunião de família tem tudo para virar uma tradição.

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