segunda-feira, 19 de março de 2012


Aloha! 
Eu voltei com um outro conto na mesma linha do anterior. Espero que gostem.

T
udo no mundo faz sentido, exceto as pessoas” Ela ouvira essas palavras há muito tempo. Estava no alto do Edifício Clara Nunes no centro de São Luis, um prédio com dez andares, o que era relativamente alto para a época de sua construção datada do inicio dos anos 90, Liz estava lá em cima, no terraço um ótimo programa para o fim-de-semana, rua estava calma e somente a brisa noturna lhe acalmava numa noite como aquela, já que não havia drogas para fazê-lo.
Liz olhou para os pulsos viu os curativos e sentiu os pontos. Ela tinha fracassado daquela vez, havia mandado amolar a faca da cozinha, comprado e bebido uma garrafa de vodka inteira, cortou os pulsos e deixou o sangue sair. Acordou. Viu pessoas vestidas de branco pensou no céu, mas estava num hospital. Uma vizinha havia lhe prestado os primeiros socorros e ligado para a emergência. “a pior coisa pra uma suicida é ter uma vizinha maroca e enfermeira” era o que Liz pensava ao se lembrar daquilo.
Todos se perguntavam: “por que uma linda jovem de 20 anos tentaria se matar?” uns acreditavam que ela só queria chamar a atenção; outros disseram que ela era infeliz. De fato, não se pode ser feliz com vozes na sua cabeça mandando você empurrar alguém de uma escada ou na frente de um carro, de trocar os remédios daquele velhinho ou daquela criança, de comprar uma arma ou mandar amolar as facas e enterrá-las na primeira pessoa que lhe disser “bom dia” com um sorriso falso.
Liz sabia que esse era o único modo, pois mesmo seus remédios não as fizeram parar, e sabia que quando os remédios falham... deve-se tomar algo mais forte. Quando tudo falha é porque o problema é com você, por isso que ela subiu ali no terraço, olhou pra baixo e saltou.
O mais antigo sonho da humanidade é ascender aos céus, não era bem isso o que Liz fazia, contudo era assim que se sentiam, cada segundo de sua queda era uma eternidade. Tudo era silencio. Liz abriu os olhos e viu o chão se aproximar.
Um perfeito presente de aniversario.





Fernando Paiva
 jan. 2012

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