A fama de "Os Osbournes" foi dura para Jack, o menino de cabelo encaracolado que foi diagnosticado com dislexia aos 8 anos de idade e já havia começado a beber e usar drogas quando o programa começou a ser rodado. Embora o programa tenha levado a participações em "Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro" (2002), "Dawson's Creek" (2002-2003) e "That 70's Show" (2003), ele também foi obrigado a se tratar de um vício em oxicodona em 2003. Mais tarde, sofreu de depressão e, após uma overdose quase fatal, se inscreveu em um programa de reabilitação e está afastado das drogas desde 2005.
"Esta foi a questão mais difícil de todas, o que isso tudo causou aos meus filhos", diz o Osbourne de 62 anos de idade, cuja filha, Kelly, também lutou contra vícios. "Eu senti que eles estavam seguindo o mesmo caminho que eu, tudo porque tinham sido jogados nesse tipo de ambiente quando ainda eram jovens demais. Quando o programa foi cancelado, graças a Deus, fiquei feliz."
O documentário também inclui toda a família Osbourne, inclusive as irmãs de Ozzy e seus dois filhos do primeiro casamento. Jack conseguiu até convencer sua irmã mais velha, Aimee, que recusou um papel em "Os Osbournes" e costuma se manter mais distante dos holofotes, a conceder uma entrevista.
"Eu tive que insistir um pouco", ele diz, "mas acho que ela compreendeu a importância de participar. O filme não teria sido o mesmo sem ela."
A entrevista mais difícil de conseguir talvez tenha sido a do próprio Osbourne.
"Mas, depois de mais ou menos um ano, durante qual continuamos perguntando as mesmas coisas, ele passou a ir um pouco mais fundo e a baixar a sa guarda um pouco mais e... acabou deixando de lado todas as respostas prontas", diz Jack. "Ele passou a falar não exatamente sobre o que aconteceu, mas sobre seus sentimentos em relação ao que aconteceu."
Osbourne afirma que acha simplesmente trabalhoso ser entrevistado.
"É muito difícil", ele diz. "Você não quer parecer uma (besta pomposa), mas também não quer parecer um idiota, então isso às vezes dá certo. Eu admito que às vezes fico confuso, porque a minha mente não funciona como a das pessoas normais. Sou louco, com orgulho!"
De uma maneira geral, no entanto, Jack afirma não ter se surpreendido com a maior parte do que o filme extraiu de Ozzy.
"Já ouvi todas essas histórias, sob o ponto de vista dele e de todas as outras pessoas", ele diz. "Somos muito abertos um com o outro. Meu pai escondeu muitos poucos segredos de mim."
Mesmo assim, ele admite que ficou surpreso com a "montanha de insanidades" que aconteceram entre 1979, quando Osbourne foi demitido do Black Sabbath, e 1983, quando Aimee nasceu.
Jack Osbourne acredita que o filme ajudou seu pai a escrever a autobiografia "Eu Sou Ozzy" (Benvirá, 2010), que virou um best-seller.
"Ele não queria escrever o livro", lembra Jack. "Mas, quando começamos a fazer o documentário, percebeu que não havia nada demais naquilo, nas coisas sobre as quais ele estava falando, que foi muito mais fácil do que ele imaginava que seria, e ele começou a pensar que talvez um livro não fosse uma má ideia."
"As duas coisas meio que andaram juntas", ele diz. "Temos o livro, no qual ele diz tudo o que quis dizer, e o filme, no qual apresentamos uma perspectiva diferente daquilo que ele disse, por causa de todas as outras pessoas envolvidas."
"O primeiro corte tinha duas horas e meia", diz Jack. "Quando se faz um documentário tão longo, você perde as pessoas que não são fãs. Os fãs poderiam passar o dia inteiro assistindo, mas as outras pessoas não terão a paciência e a empolgação para assistir a duas horas e meia de filme. Tínhamos que fazer algo que a sua avó pudesse assistir e dizer, 'Que ótimo documentário. Eu realmente aprendi algo com ele'. Portanto, tivemos que escolher com muito cuidado o que queríamos usar. Eu gostaria de ter dividido o material em dois filmes diferentes."
Mesmo assim, ele acatou uma das reclamações frequentes das pessoas que assistiram ao lançamento, e adicionou à versão em DVD alguns dos comentários mais recentes de seu pai a respeito de Rhoads, que morreu em um acidente de avião em 1982. "As pessoas ficaram frustradas com o fato de não haver nenhum depoimento recente do meu pai sobre o Randy", diz Jack Osbourne. "No filme, usamos uma imagem de arquivo. Temos uma (entrevista) muito emotiva, na qual o meu pai fala bastante sobre o Randy e sobre sua morte e o que ela significou para ele, sobre a enorme culpa e remorso que ele sente em relação a isso. Então, colocamos essa entrevista no DVD."
"Não é nada sério", diz Osbourne, que sofre de síndrome de Parkinson, uma doença semelhante ao mal de Parkinson. "A verdade é que sou a última pessoa para quem alguém deveria pedir ajuda. Não sou médico, e quase sempre não tenho a menor ideia sobre o que estou falando... Mas muito do que eu falo ali é simplesmente questão de bom senso. Sei que, quando estamos no fundo do poço, queremos que alguém nos ajude a sair de lá, e que muitas pessoas têm dificuldade em pedir ajuda."
"Então, se eles acham que podem me fazer perguntas, e que eu sou capaz de oferecer informações sensatas, talvez eu possa ajudar, entende?"
(Gary Graff é redator freelancer, e mora em Beverly Hills, no estado americano de Michigan.)
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Filmando Ozzy
"As pessoas iriam achar o filme ou uma grande porcaria ou muito maneiro", afirma o Osbourne mais novo. "Mas parece que todos estão reagindo da maneira que eu queria, por isso estou bastante empolgado."
"God Bless Ozzy Osbourne", o documentário de 90 minutos dirigido por Mike Fleiss e Mike Piscitelli, foi lançado no Festival de Cinema de Tribeca em abril, e será lançado em DVD em meados de novembro. O filme narra a história de um homem, e não da caricatura na qual a pessoa nascida com o nome de John Osbourne em Birmingham, na Inglaterra, se transformou após décadas de uma trajetória publicamente conhecida de abuso de drogas, comportamento desregrado e incidentes famosos, como arrancar com os dentes a cabeça de um pombo e de um morcego vivo _ o primeiro caso intencional, e o segundo um acidente.
"A verdade é que eu não aguentava mais essa imagem Osbournesca que a grande mídia pinta do meu pai", explica o Osbourne de 25 anos de idade. "Isso realmente me deixava chateado. Desde 'Os Osbournes' (2002-2005), ele largou as drogas e se tornou uma pessoa completamente diferente, e eu queria meio que celebrar isso. Todos sabem o que ele já fez, então eu considero que o filme seja mais sobre quem ele é como pessoa."
"O foco está mais voltado para o John que para o Ozzy", ele afirma. "Essa é a história que eu queria contar."
Para Ozzy Osbourne, a coisa mais importante nisso tudo é a honestidade.
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